Por Nathalie Oliveira, 04/07/2020, São Paulo.
A pandemia fez diversos comércios fecharem as portas e as livrarias não foram excluídas da lista do que abre e fecha. Para os jovens escritores do ABC se reinventar é a saída para manter o contrato com as editoras e conquistar novos leitores.
Gabriel Silva João, 19, morador de Rio Grande da Serra fez da pouca idade uma oportunidade para ingressar na carreira literária, driblou a pandemia e lançou em maio o primeiro livro de contos Aquilo que o poeta não te conta pela editora Dialética “É uma coletânea de poemas que aborda sobre amor em suas diversas faces, críticas sociais, crises existências e o tão cruel amor não correspondido”, explana o autor que diz autografar todos os livros vendidos e faz uma carta individual para cada leitor.
Ainda o jovem poeta explica que a inspiração para escrita foi as experiências vividas desde infância até a vida adulta “Sempre sonhei em publicar uma obra, minha infância e evolução até agora foram as principais inspirações, esse livro tem um pouco de mim, vê-lo disponível para o público é muito gratificante”, discorre e adiciona que os livros podem ser adquiridos no site da Amazon no formato e-book kindle gratuito ou físico por R$49,90, mais frete que varia para cada região.
Quando o assunto é se manter no mercado e futuros lançamentos Silva está otimista e tem em mente publicar mais um livro que já foi aprovado pela mesma editora do anterior “A obra que acabei de lançar tive o prazer de vender todos os exemplares da primeira reemersa, vi muito interesse dos leitores. Agora planejo publicar em breve um novo, ele já está aprovado pela editora e posso adiantar que a temática será amores marcantes, recomeços, términos e ressignificados”, disserta.
Em Ribeirão Pires, Diana Vanderlei, 28, além de escritora, é atriz, instrutora de yoga e formada em Rádio e TV, ao contrário de Silva ao invés de um livro publicado teve o conto Nas Alturas aprovado pela editora Qualis através de um concurso, que subsequentemente esteve composto na antologia Apaixone-se, que foi publicada em outubro do ano passado (2019) “Além de Apaixone-se havia mais duas outras antologias a mais vendida tinha a promessa de ter um livro publicado dos contos e fomos escolhidos pelos leitores em breve terei meu conto ampliado em outro livro e-book”, conta.
O conto de Diana fala da história de Manu uma garota medrosa que decide ir na inauguração de um parque de diversões por que não tem coragem de dizer não aos amigos. No local a menina foge das atrações mais radicais, o que faz ela se separar do grupo de amigos e apenas fica com ela Samuel que ajuda a mocinha a se dar uma chance de superar os próprios medos.
O livro está disponível na Amazon físico por R$34,97 e em formato kindle gratuito, Diana também utiliza o Instagram e Facebook para chamar os leitores “É uma estratégia para conquistar meu público-alvo e chamar novos leitores”, comenta.
Quando o assunto é a covid-19 (coronavírus), Diana acredita que as pessoas leem mais durante o isolamento social mas as obrigações do dia-dia e o home-office são obstáculos que impede o leitor de ter uma leitura mais proveitosa “Ler um livro não é fácil como ouvir uma novela e prepara a janta, demanda tempo coisa que poucos tem, mas acredito em base do conto que tenho publicado que as pessoas estão com as leituras ativas nesse período de isolamento social pelo aumento nos acessos que tive na versão gratuita”, informa.
Em Santo André, Vanessa Marine, 26, escritora, designer e editora na Duplo Sentido Editorial viu um arquivo word se tornar livro em 2014, 287 dias para recuperar um sorriso que é um romance que narra a história de uma protagonista obstinada a fazer o pai feliz e a tentar conhecer mais sobre a mãe que nunca teve, nem que isso signifique ter de adiar o próprio sonho.
Vanessa atua no ramo editorial na busca jovens talentos mas em contra partida observa que no momento não é possível aceitar mais escritores “Muitas editoras lançam livros no formato e-book, outras se ariscam e apostam nos físicos mesmo. Cada uma age de um modo diferente, por conta da política interna e recursos que possuem. Falo pela editora que trabalho, não aceitamos autores nesta fase atual”, lamenta.
Por outro lado a editora acredita que no pós-pandemia os autores nacionais terão maior espaço no mercado “Eu acredito que essa atribulação vai aquecer muito a procura por autores nacionais. A crise somada à pandemia e ao fato do valor do dólar estar mais alto, acredito que as grandes editoras começarão a procurar por autores nacionais”, esclarece e completa “Já que o custo para lançar autores nacionais é bem menor do que para investir em internacionais”, ressalta.
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